“Na maioria das boas narrativas, especialmente nas longas, é menos o deslumbramento imediato das palavras do que os sons, ritmos, cenários, personagens, ações, interações, diálogos e sentimentos, todos funcionando em conjunto, que nos fazem prender a respiração e chorar… e virar a página para descobrir o que acontece em seguida.”
— Ursula K. Le Guin, Como criar histórias
Aqui vão 5 coisas que aprendi/descobri/decidi com o lançamento do meu novo livro:
Tenho leitores fiéis. Eles leram A estrada infinita, depois Bisão-nascente, e agora foram os primeiros a lerem Eu sei que vou te ver amanhã. Isso é tão especial que nem sei explicar. Se você for um deles, saiba que eu sei quem você é e que o lançamento desse livro foi mais especial por sua causa.
Tenho amigos que estão sempre prontos pra divulgar meus livros em seus próprios perfis e canais literários. Tenho outros amigos que, embora não leiam nem divulguem o que escrevo, estão sempre me colocando pra cima e torcendo por mim. É sempre bom lembrar que essas pessoas estão por perto.
Divulgar um livro é cansativo e, com muita facilidade, consome o tempo que tenho pra trabalhar no meu projeto atual. Mas o lançamento de um livro também é meu projeto atual, de certa forma, então eu que aceite de uma vez que não dou conta de tudo todos os dias.
Adoro mandar mimos dos meus livros pras pessoas, mas mandar brindes pra quem avalia o livro, como fiz pra esse, é uma via de mão dupla. Você pode receber mais avaliações a curto prazo, mas muitas delas serão avaliações genéricas de pessoas que não leram o livro, só querem os brindes. Era de se esperar que as pessoas não pediriam brindes de um livro que ainda não sabem se vão gostar, não era? Acho que não, eu que fui ingênuo. A outra opção era fazer essa ação pra todos que reservassem na pré-venda, mais aí isso teria excluído quem lê pelo KU. Não sei, ainda tenho muito o que aprender.
Essa foi minha última publicação de forma independente. Que legal, Denys, então você já tem uma editora pro próximo livro? Não! O que eu sei é que a publicação independente exige muito de mim. Fico estressado com todas as decisões que preciso tomar e começo a sonhar com o dia em que outros profissionais vão fazer isso por mim. Essa decisão, admito, vem com uma dose de autoconfiança. Quando penso nos meus próximos projetos, acredito honestamente que um deles vai me levar a uma editora tradicional. Só o tempo vai dizer se tô certo, se essa decisão realmente se sustenta, mas, hoje, é isso que tô sentindo. E é bom acreditar em mim mesmo, pra variar.
Até breve.
Denys
P.S. Desculpa se você acessou essa edição achando que seria um belo ensaio sobre a Ursula. É que não resisti em colocar uma fotinho da diva pra acompanhar a citação. Pra compensar: esse livro, Como contar histórias, é uma baita dica de leitura pra quem escreve. É técnico e inspirador na mesma medida, e acabou de sair aqui no Brasil pela Seiva.
Que demais conhecer sua News, cara, já virei fã! Publicar de forma independente não é fácil mesmo e tô contigo, tá na hora da gente começar a acreditar e ver o que sai a partir daí. Ajuda termos pessoas que entendem como são esses processos.
Adorei o texto!
Me debato muito com o item 3: como permanecer empolgado com um projeto que, pra quem escreveu, "já passou"? Normalmente estamos pensando no que estamos escrevendo no momento e queremos falar sobre isso, não sobre aquele livro que já foi lançado! Mas não tem jeito, precisamos mesmo nos desdobrar e aceitar que todas as histórias precisam ser nutridas haha.
E o item 5... admito que eu cheguei nesse ponto também, e faz algum tempo. Não é que ser independente não seja bacana, não seja legal; mas fica também aquela sensação de estar de fora de algum clubinho secreto no qual é precisa uma senha pra entrar, mas ainda não sabemos. Poxa, eu quero saber a senha! E eu tô decidido a descobrir qual é!